Sistemas de Gestão Ambiental


A revisão dos padrões de produção e consumo, acordando para a questão ambiental, já não é mais encarada como ingenuidade ecochata de pessoas descompromissadas para com a vida real. O pressuposto de que as empresas visam em especial o lucro e o crescimento continuam em vigência? sim, claro que continuam, afinal não vivemos num sistema capitalista? Contudo, começamos a sentir alguns sintomas da velha teoria darwiniana (a benedita seleção natural) incindindo sobre as empresas como fatores de pressão seletiva. Em outras palavras, eu diria que num futuro não tão distante assim, as empresas que seguirem os velhões padrões terão grande possibilidade de encerrarem suas atividas: seja porque o consumidor não mais confiará seu poder de compra nestas empresas descompromissadas, seja porque eventualmente taxas/impostos “verdes” sejam efetivados na política econômica dos países, seja porque não conseguirão parcerias com empresas que exijam a “consciência ambiental” como pré-requisito para trabalhar conjuntamente.

Muito embora empresas tenham se utilizado de publicidade falaciosa para disfarçar suas práticas antiquadas (leia-se poluentes) e conquistar a confiança dos consumidores/investidores/Osama Bin Laden, os Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) empresariais representam uma real alternativa para que as empresas  não apenas obtenham o selo “verde” como também possam reduzir seus gastos e otimizar a produção. Priorizar-se-ia, dessa forma, o desenvolvimento, e não mais o crescimento – o velho inimigo da resiliência ambiental (crescimento gera depleção, necessariamente).

O SGA é a parte do sistema geral de gestão ambiental que inclui a estrutura funcional,  as atividades de planeamento, a definição das responsabilidades, os procedimentos e os recursos necessários para concretizar, manter, desenvolver e rever, de modo continuado, o seu desempenho ambiental. Este sistema permite, de uma forma sistemática, contínua e cíclica, compreender e controlar os diversos aspectos ambientais da empresa.  A resultante desse processo possível e viável, reside em alguns pontos:

  • Redução de custos: melhoria de eficiência, obtenção de prêmios de seguros mais reduzidos, economia de custos de produção (reintegração de resíduos na cadeia produtiva de materiais, conservação de energia, recirculação da água em circuito fechado entre outras possibilidades);
  • Promoção da imagem da empresa e das suas potencialidades: na melhoria das relações com as entidades fiscalizadoras, clientes, fornecedores, acionistas, organizações ambientalistas e público em geral;
  • Identificação de oportunidades para redução de riscos, pela prevenção e correção dos acidentes que possam resultar na diminuição do desempenho ambiental da empresa.

Para tanto, não basta somente que a empresa se diponha a modificar sua perspectiva sem a instrumentalização legal necessária.  O SGA é padronizado de acordo com a norma ISO 14001, que é  aplicável a qualquer atividade econômica – fabril ou de serviços – que possa provocar riscos potenciais ou gerar impactes no Ambiente, desde a indústria química às empresas prestadoras de serviços, em áreas tão distintas como a consultoria, transportes de mercadorias e até a gestão de municípios (International Organization for Standartization – Organização Internacional para Padronização, responsável pela implementação das normas ISO 14001).

Não vivemos mais somente sob a utopia de que nada o mundo idela é logo ali, mais adiante. Presenciamos um momento de mudança, no qual nossas ações efetivas em todas esferas – política, social e econômica – pode criar melhores condições de sobrevivência para esta espécime de bípedes “pensantes” caçadores e coletores (sim, ainda continuamos a ser isso, contudo em escalas bem diferentes). A seleção natural sempre está aí presente; a lógica é simples: se não nos adequarmos a ela, as baratas poderão ser o próximo indivíduo a dominar a face da terra (legal, não?)

Cheers, navigators (até um dia)

~ por Rafael Wingert em 06/12/2009.

Uma resposta to “Sistemas de Gestão Ambiental”

  1. Muito bom Rafa (ainda estou vivo navegantes…logo volto pra valer),

    Mas acrescento mais uma resultante importante a este processo nas empresas, que é a formação de uma equipe, por menor que a seja, especializada nessa gestão ambiental. É esse fator o grande diferencial no meu ver, pois não acredito em empresas, governos ou idéias, acredito em pessoas, e pessoas mudam, lutam e agem. A partir do momento em que temos pessoas dispostas a lutar por algo dentro de uma empresa mudanças poderão acorrer, mesmo que no início a implementação do SGA seja apenas faxada ou algo do tipo.

    Por exemplo, semana passada estavam comentando comigo como foi a criação da área de responsabilidade ambiental da Petrobras (muito ruizinha ainda….mas melhorando). Ao ser criada na década de 90 contava com apenas 3 ou 4 funcionários, hoje, é composta por uma equipe de centenas de pessoas, que embora ainda estejam longe de suprir a demanda e a responsabilidade que uma das maiores empresas do planeta tem, lutam para que pelo menos algo aconteça. E a luta interna em toda empresa nesse tipo de questão todos sabem….é dura…

    Um outro exemplo agora mais simples, no meu próprio trabalho foi criado uma equipe de gestores para o credenciamento na ONU no âmbito do MDL. Com a formação da equipe, embora com função definida, várias outras atividades surgiram, tais como a reciclagem, coleta seletiva e programas de conscientização do ciclo de vida do produto, coisas bem simples, mas que só foram implementadas quando uma equipe foi criada em alguma área “verde”.

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